NÓS

Chapter 3: Capítulo 3



Chapter 3: Capítulo 3

Acordei mais que atrasada, dei um pulo da cama quando vi que eram sete e vinte da manhã, tomei um

banho rápido e vesti minha roupa na velocidade da luz. Se não me apressasse eu ia entrar vai saber

em qual tempo de aula e tem professor que é chato com isso de atraso.

E eu sei de todos, porque a minha vida era chegar atrasada mas tô tentando mudar esse hábito.

To tentando tanto que falhei miseravelmente no segundo dia de aula.

Mas sigo na luta porque o que importa é a intenção.

Peguei minha mochila no chão do canto do quarto e calcei o tênis em uma rapidez que quase fui de

cara no chão. Resolvi chamar um uber porque não ia dar tempo de pegar o ônibus e chegar no colégio

menos atrasada do que eu já estou.

Eu estava igual uma maluca, meu cabelo estava todo para o alto pelo simples fato de não ter passado

pelo menos uma escova nele. Prendi o mesmo em um rabo de cavalo e mesmo assim a cara de quem

usa remédio controlado continuou.

Tranquei a porta e apertei inúmeras vezes o botão do elevador na ilusão que isso o faria chegar mais

rápido.

Eu sempre fazia isso quando estava com pressa. Incrível.

O elevador chegou e eu entrei, menos de um minuto eu estava no térreo e o Uber já estava a minha

espera em frente ao portão.

— Bom dia, seu João — sai correndo antes que o Uber desistisse de mim.

Aposto que seu João teria me olhado com uma interrogação na cabeça e achando que era uma louca.

A grande chances de ser. Não o julgo.

O motorista deu partida e eu fui o caminho todo agradecendo mentalmente a Deus por ter me

concedido um piloto de fuga, porque o que esse homem corria, não estava escrito. Parecia uma

participação do Velozes e furiosos mas sem as partes das mortes porque graças a Deus eu cheguei

viva.

Cheguei na escola em quinze minutos, sai do carro rápido assim que paguei o motorista e como o

porteiro me conhecia e gostava de mim, me deixou entrar na maciota.

Em passos apressados fui para o andar da minha sala e entrei dando bom dia para o professor que

estava explicando matéria e me sentei onde havia carteira vazia.

Mandei um beijo no ar para as meninas e comecei a prestar atenção na matéria. Geralmente em aula

de história em durmo o tempo todo mas como ainda estávamos no início do ano, resolvi fazer uma

média.

.. Belonging © NôvelDram/a.Org.

As aulas passaram rápido até o intervalo, foram três tempos só. Eu estava morta de fome, não tinha

tomado café como de costume e estava começando a ficar de mau humor.

Apesar de ser mau humorada desde nascença, fome era uma das coisas que me deixava ranzinza

rápido.

— Vocês estão sabendo do babado que a Mariah da 3B está namorando o Caleb do futebol?

Que bicha fofoqueira.

— Deixa de der fofoqueira Lya — Naty disse e eu nós rimos.

— Fofoqueira não, comentarista — ela piscou e eu caí na gargalhada.

— Eles se merecem, ela é tosca e ele também aí forma um casal perfeito — disse mexendo no

telefone.

— Cruz, Manu — Lya riu.

— Ué, gente!? Não menti.

As meninas foram sentar em algum lugar do pátio e eu fui comprar algo pra comer. A fila estava

imensa, demorei um pouco e quando comprei fui em encontro as meninas que estavam com Pedro e

Gusta conversando. Eles eram uns dos únicos meninos que nós falávamos aqui do colégio, nós

estudamos todos juntos mas nos separamos por causa da nova turma esse ano, a 3c e como nós

éramos da 3a, fomos separados.

Cumprimentei eles com um abraço de lado e me sentei pra comer meu lanche. Eu estava faminta.

E isso choca um total de zero pessoas.

— Não era você que estava sendo pontual, Manuela? — Gusta riu — Chegou quase oito e vinte da

manhã no colégio — eles riram.

— Como você sabe, ridículo? — indaguei.

— A gente viu você correndo no corredor — Pedro disse e eu rolei os olhos.

— Sendo pontual é uma palavra muito forte, eu diria.. apenas tentando — disse de boca cheia e todos

riram.

Ficamos jogando conversa fora até o terceiro sinal bater e cada um ir para as suas salas. Nos

despedimos dos meninos e entramos na sala, demorou um pouco até o próximo professor chegar,

então ficou aquela baguncinha na sala até a aula começar novamente.

— Percebemos, tá? Senhorita Natália Freitas! — Lya e eu fizemos uma cara de quem sabia alguma

coisa.

— Perceberam o que? — se fez.

— Não se faz de doida não, minha gata— disse e nós rimos.

Ela começou a ficar vermelha e eu e Lya caímos na encarnação.

— Você e Gusta.

— Que? Na-não, nada a ver gente, ele é nosso amigo — disse sem graça.

— No dia que eu tiver um amigo e trocar olhares igual vocês trocam, eu caso — disse lya mexendo na

mochila.

— Vocês estão blefando — bufou — De quem é a aula agora? — tentou desconversar.

Eu e Lya nos olhamos e fingimos que não entendemos que ela estava tentando mudar de assunto.

Natália acha que a gente nasceu ontem.

O professor chegou quase vinte minutos depois do final do intervalo e logo deu início a aula de

literatura.

Meu deus, morte lenta.

..

— Por hoje é só, vocês estão liberados — isso é música para meus ouvidos.

As aulas passaram igual um fusca na contra mão, eu estava saturada e doidinha pra caçar meu rumo.

Arrumei minhas coisas e as meninas estavam me esperando na porta da escola junto com os

meninos.

Antes de irmos embora ficamos no colégio um pouco zoando como antigamente, era estranho para

mim ficar depois da aula aqui, não fazia isso desde que aconteceu aquilo tudo com Gael, era de casa

para o colégio e do colégio pra casa, fazia isso para evitar comentários e de me sentir mal com

olhares e cochichos.

Sempre depois do último sinal tinha umas meninas do primeiro ou do segundo se jogando pra cima

dos meninos do terceiro e os meninos do futebol, eu ficava com pena porque mal sabia elas que

viravam piada na boca do povo e pior, não sabiam da real intenções que eles tinham com elas. Nessa

idade eu sei o quanto é difícil para uma menina avançada, que quer ser popular e acaba caindo na

ideia de que se envolver com garotos mais velhos é ser descolada.

Mulher nenhuma precisa de macho para ser empoderada e é uma pena que eu passei o que passei

pra poder aprender isso.

Nós nos bastamos sozinhas, não precisamos de ninguém.

Eram uma e meia da tarde quando fomos embora, ficamos pra ver alguns colegas nossos da antiga

turma e foi até que legal estar ali e me sentir bem, estar ali sem medo, vergonha, foi bom só estar ali

bem comigo mesma.

Fui o caminho todo escutando música, eu estava viciada em Doubt - TØP e já tinha repetido ela umas

mil vezes. Peguei um trânsito horrível e cheguei em casa uma hora depois.

Fui direto tomar um banho e lavar a cabeça. Eu estava precisando disso. Demorei um pouco embaixo

do chuveiro porque a água estava uma maravilha. Deixei meu cabelo secando naturalmente e

coloquei só uma calcinha e um blusão.

Eu adorava ficar assim pela casa.

Esquentei o Strogonoff que estava na geladeira e comi com arroz e batata palha enquanto assistia um

filme qualquer que passava na televisão. Depois de ter lavado tudo e escovado meus dentes deitei no

sofá pra ver minhas séries, eu estava vendo pela milésima vez The Vampire Diaries, essa série pra

mim era insuperável.

Acabou que adormeci ali mesmo.

Acordei com um barulho estranho e quando olhei para o lado levei um susto enorme com Gabriel se

atracando com uma garota que eu não fazia a mínima ideia de quem era. Já estava acostumada com

essas garotas alheias que ele trazia pra cá, apesar de não gostar muito e uma vez quase ter batido na

garota porque a louca simplesmente tomou banho no meu banheiro, usou meus cremes e usou

minhas roupas.

Quase que saiu daqui com três quentes e dez fervendo.

Cocei a garganta e eles notaram a minha presença. Vi a menina de branca ficar da cor de um tomate

e Gabriel ficou normal porque o que esse garoto não tem é vergonha na cara.

A mais nova sou eu mas quem não tem juízo é ele.

— Ah, oi maninha — deu um sorriso torto — Você tá ai — coçou a nuca.

— É, tô aqui — o encarei com a cara inchada de sono.

Saiu puxando a menina para o quarto dele e eu estava com tanto sono que deitei de novo e dormi em

questão de segundos no sofá mesmo.


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